"Sempre que eu leio sobre os males da cerveja, eu paro... de ler!"

"Give a man a beer, he'll waste an hour. Teach a man to brew and he'll waste a lifetime".

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Harmonização: Harviestoun OEO Porter e A Invasão Vertical dos Bárbaros

Harviestoun Old Engine Oil Porter e A Invasão Vertical dos Bárbaros (Mario Ferreira dos Santos, Editora É Realizações, 2012)


Existe um sentimento idêntico no apreciador de livros e no apreciador de cervejas artesanais no Brasil, que é aquele típico do habitante de um país onde tudo o que é de boa qualidade é muito caro. Se se é leitor assíduo e não possui meios financeiros de bancar este habito, resta ao brasileiro comprar e ler os modismos e coleções massificadoras, de grande tiragem editorial. Se se tem prazer em tomar cervejas, as de boa qualidade vão, normalmente, ultrapassar a marca de $15 a garrafa.   

Neste sentido, esta harmonização é bastante conveniente. Um livro desta importância, alem do impressionante fato de que tenha sido reeditado recentemente (a grande maioria das obras de Mario Ferreira dos Santos só pode ser encontrada nos sebos, em péssimo estado de conservação), pode ser comprado por $30 reais nas livrarias, enquanto que a OEO Porter, mesmo sendo uma preciosidade de uma microcervejaria escocesa, me foi vendida pela bagatela de $20 reais (garrafa de 330ml).

Mas seria legitimo ou, pelo menos, politicamente correto harmonizar filosofia com cerveja? Bem, se a própria ciência gastronômica da harmonizaçâo entre bebidas e pratos, mesmo fundada em principios de combinaçâo entre diferentes enzimas e elementos dos ingredientes das bebidas e alimentos, é tâo subjetiva quanto as diferenças entre os apreciadores, mais ainda seria subjetivo um texto que pretende harmonizar um livro com uma bebida. Claro que, aqui, não partimos de princípios da gastronomia, mas de uma análise meramente analógica para promover tanto a degustação de uma boa cerveja quanto a leitura de um ótimo livro.

O grupo por trás da OEO Porter, que faz com que esta seja uma das melhores representantes do estilo no mundo, é a microcervejaria Harviestoun Brewery, localizada na Escócia. Ali, são apenas 17 funcionários dedicados a produção de estilos tradicionais de cerveja, que consolidaram o nome desta cervejaria entre as melhores do mundo, com os clássicos, como Ola Dubh, Bitter & Twisted e Schiehallion. A OEO Porter é uma mudança na receita da Ola Dubh Old Engine Oil, que recebeu este nome porque o seu criador, por ter trabalhado na Ford Motors, dizia que a cerveja tinha a aparência de óleo de motores velhos. De aparência preta e textura espessa, essa cerveja possui forte aroma de café e chocolate, certa acidez no sabor, com pouca retenção de espuma e um finish amargo.

Por sua vez, o homem do livro é o filosofo Mario Ferreira dos Santos, brasileiro de Tiete, São Paulo, que escreveu e publicou 45 volumes da sua Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais, onde expõe a sua “filosofia concreta”, um modo de pensar fundado em saberes apodíticos, aceitando apenas o que pode ser demonstrado e rejeitando o meramente assertivo ou opinativo. A demonstração apodítica não admite a possibilidade de erros, uma vez que os juízos são universalmente validos, pois, “tendo um nexo de necessidade entre o juízo e o predicado”, não pode ser diferente do que é, o que facilita alcançar a verdade lógica (e até ontológica).

MFS publicou com recursos próprios os seus livros, movido pelo sentimento de que, ao contrario do que diziam as negativas dos editores para os quais submeteu seus escritos, o brasileiro gosta, sim, de filosofia. Tudo que o brasileiro precisava era, na verdade, de uma oportunidade para conhecer os grandes clássicos do pensamento humano. Desta forma, Mário Ferreira fundou suas próprias editoras, Logos SA e Matese SA, onde publicou traduções de grandes obras clássicas ao lado dos livros que escrevia. Alem disso, foi pioneiro no sistema de venda de livro a credito, de porta em porta.

Essa também é a historia da maioria das microcervejarias. São cervejeiros caseiros e amantes de cerveja, pessoas comuns e, normalmente, de baixa ou media renda, começando por uma produção de 20 litros no quintal de casa, que colocam nas costas e vendem ao bar mais próximo, e que crescem gradativamente, lutando diariamente pelo reconhecimento dos consumidores, contra a concorrência das grandes corporações e contra os tributos dos governos intervencionistas. O próprio fundador da Harviestoun, Ken Brooker, começou como um cervejeiro caseiro que costumava receber amigos para degustar a cerveja que produzia na garagem de casa, em 1983, e, três anos depois, começou o pequeno negocio, usando como tanque de fervura um tonel de fazer geléia.

A obra de MFS é uma denuncia contra a invasão dos bárbaros, não como aquela que se dá pela ocupação territorial (horizontalmente), por meio de incursões de exércitos inimigos, mas como a que ocorre pela penetração na cultura (e, portanto, verticalmente), destruindo os seus fundamentos e corrompendo o ciclo cultural. Neste livro, o termo “bárbaro” é empregado no sentido daquilo que, além de inculto e incivilizado, é também inimigo e pretende destruir toda e qualquer manifestação de cultura.
Mário Ferreira faz uma analogia a cristalografia, para um aspecto de alguns cristais que é conhecido como pseudomorfose, quando tais cristais são produzidos em circunstancias adversas na natureza (como gazes que escapam por fendas de rochas) e adquirem formas diversas daquelas esperadas pelo tipo de cristal correspondente produzido em condições normais. Do mesmo modo, algumas manifestações intelectuais possuem formas aparentemente cultas e civilizadas, mas o seu conteúdo é bárbaro, como a desvalorização da inteligência, a supervalorização romântica da intuição e da irracionalidade, a valorização da horda, do tribalismo, da força e da memória mecânica, do nominalismo, do negativismo, do niilismo e da desumanização do homem.

No âmbito das cervejas, o inicio do século XIX, com a invenção de técnicas de refrigeração industrial, viu o avanço da produção das lagers em larga escala, para o publico de massa e que, gradativamente, foi valorizando o lucro em detrimento da qualidade. Neste “reino da quantidade em detrimento da qualidade”, aos poucos o malte foi sendo substituído pelos cereais não-maltados, como arroz e milho, o lúpulo foi sendo substituído pelos extratos, a high-maltose foi adicionada ao processo para acelerar a fermentação e, hoje, as grandes corporações do ramo cervejeiro são capazes de produzir um lote em menos de uma semana. E, se pudessem, alterariam as leis da natureza e fariam com que a levedura trabalhassem mais rápido ainda, se fosse possível manter o sabor e a própria aparência da cerveja. Basta que comparemos, em termos de sabor, aparência, aroma, retenção de espuma, etc, uma cerveja da grande corporação com uma cerveja, do mesmo estilo, feita artesanalmente na microcervejaria.

Este também é o caminho percorrido pelas coisas do intelecto. MFS denuncia a tendência bárbara do predomínio da quantidade sobre a qualidade, a ridicularização do inteligente, da alta cultura e da filosofia especulativa. Denuncia, inclusive, o que viria a acontecer com o seu próprio nome e obra, a conspiração do silencio que sofreram e sofrem os grandes criadores e aqueles que elevaram o pensamento humano, impingida pelos medíocres que sempre ocuparam os altos postos. Há que se ter humildade para reconhecer uma inteligência superior a nossa, coisa da qual o bárbaro não é capaz.

Ostracismo, alias, é marca também do estilo Porter, uma cerveja que começou a ser fabricada nos idos de 1700 como uma mistura de três outros estilos (uma Old Ale, uma Pale Ale e uma Mild Ale), com o objetivo de criar uma cerveja mais barata a fim de ser servida aos trabalhadores portuários (dai o nome, Porter). Ocorre que, com a invenção do forno a gás e a possibilidade de se tostar o malte, este estilo deixou de ser produzido. Desde então, as Stouts se tornaram a cerveja escura por excelência. Foi apenas no final dos anos 70, com o renascimento do movimento de cervejas artesanais, que estilos antigos como a Porter voltaram a serem produzidos pelas microcervejarias.

Não é nenhuma teoria da conspiração dizer que Mario Ferreira foi e é boicotado pela universidade brasileira e pelos professores de filosofia. Apesar da pujante e vasta obra filosófica e de ser o único brasileiro a ter um verbete inteiro numa enciclopédia de filosofia italiana, onde é reconhecido como um filosofo de pensamento universal, o seu nome é pouco ou nada citado nas universidades e cursos de filosofia no país. Só recentemente é que seus livros voltaram a ser editados, depois de mais de cinqüenta anos de silêncio.

Assim como as Porters antigas, que eram cervejas muito fortes para os padrões atuais, a obra de Mario Ferreira é densa e pode parecer complexa demais para o leitor do nosso tempo. Apesar de buscar uma aproximação com o público geral por meio de uma linguagem menos técnica que a usada na maioria de suas obras, precisamos entender que, alem deste ser um livro escrito no final dos anos 50 e que contem algumas formas arcaicas do idioma, MFS opta por utilizar o recurso de frisar aspectos ortográficos a fim de retornar ao étimo latino da palavra, como forma de ressaltar o seu significado etimológico. Esta edição, no entanto, recebeu notas de rodapé do editor, tornando-a bem mais “palatável” para o leitor atual que as edições dos anos 50/60.

Um sentimento de completo abandono é o que acomete o estudante sério e honesto, aquele que anseia por um saber que seja positivo e construtivo, encontradiço, no passado distante, em vultos intelectuais do porte de Aristóteles, Platão, Pitágoras, Duns Scotus, etc., e que, hodiernamente, se depara com os pseudo-mestres, sejam os “gênios” da auto-ajuda, como um Paulo Coelho, ou os doutrinadores políticos travestidos de intelectuais, como uma Marilena Chauí ou um Emir Sader, agentes da degradação intelectual e moral deste país. É só diante de um verdadeiro mestre como MFS que podemos ter restituída a nossa esperança em relação ao homem dos séculos vindouros. São estes tipos de falsos mestres que Mario Ferreira mais combate neste livro, os pregadores do niilismo, do negativismo, da irracionalidade, do sensualismo, do tribalismo e de todas as filosofias que afirmam o que há de destrutivo e de animalesco no homem.

E, como no reino tenebroso de Chauí e AmBev a qualidade é enjeitada pela quantidade, a indiferença acadêmica para com o filósofo é análoga a situação ocorrida com a Harviestoun Brewery, quando, em 2008, apos passar a integrar o grupo da Caledonian Brewery Company, foi rejeitada pela Heineken após esta comprar a Caledonian.

Hoje, esta microcervejaria é parte da CAMRA (Campaign for Real Ale), um movimento inglês que busca resgatar os estilos e modos de fabricação das antigas ales, que representa um retorno aos estilos tradicionais de cerveja em detrimento da massificação que domina o mercado cervejeiro. De maneira semelhante, A Invasão... é um livro escrito por alguém que absorveu a filosofia tradicional e perene, das idéias superiores, e, agora, denuncia tudo quanto obsta ou desvirtua o caminho para este ensinamento superior (mathesis megiste). O filósofo pretende proteger o nosso ciclo cultural de uma derrocada iminente, apressada pela inteligência maliciosa que guia os elementos ativos corruptores do ciclo, utilizando-se dos modos de ser bárbaros. Refuta, para tanto, a afirmação de que nenhum ciclo pode pretender eternizar-se. Ora, se os ciclos culturais são contingentes, não se pode estabelecer um rumo necessário, mas apenas hipotético. E a razão em contrario, por também ser contingente, não pode ser absoluta.

(É interessante notar que mesmo um gênio incomparável como o de Mario Ferreira dos Santos foi capaz de uma humildade impressionante quando, ao terminar a escrita do livro, o submeteu a leitura de diversos professores e intelectuais da sua época, de posições filosóficas e ideológicas diferentes, para que dessem as suas críticas. Assim, ao final do ultimo capitulo, MFS analisa boa parte destas criticas e as responde).

A filosofia de MFS é mais rica e poderosa que a cultura inteira do nosso pais, de um “gênio universal perdido num ambiente provinciano incapaz não só de compreende-lo, mas de enxergá-lo”. Este livro pode ser a porta de entrada para descobrirmos este grande vulto do pensamento universal, e que seja melhor aproveitado ao lado de uma garrafa de uma das melhores representantes do estilo Porter do mundo, a Old Engine Oil Porter da Harviestoun Brewery. Seja para elevar o seu intelecto ou a sua apreciação de uma boa cerveja, esta dupla formam uma ótima leitura e uma perfeita degustação.


E quando Mario Ferreira afirma que “devemos ser os novos iconoclatas das falsas divindades que nos querem impingir”, ele bem poderia estar se referindo as adjunt light lagers.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Degustação passo a passo

A maneira como você bebe a sua cerveja é um fator importante que vai influenciar na experiencia como um todo. Assim como qualquer outro alimento, se você apenas engole sem atentar as nuances de aroma, tessitura e sabor, por exemplo, com certeza você não tirara proveito dos aspectos degustativos e a sua experiencia restara frustada: você estará apenas enchendo a barriga e perdera a chance de sentir os prazeres que o seu paladar é capaz de te dar.

Para uma melhor degustação da sua cerveja, quero dar algumas recomendações em como fazer para tirar o melhor proveito de todas as nuances deste liquido sagrado.

Antes de iniciar a degustação, no entanto, é importante atentar para alguns requisitos:

a) Certifique-se de que a cerveja está na temperatura adequada. Nada de “estupidamente gelada”, porque isso afetará o seu paladar, inibindo as papilas degustativas, e você não perceberá todos os sabores. A temperatura ideal é de 4 a 6 graus Celsius para as cervejas mais leves e claras e um pouco mais quente (6 a 9 C) para as cervejas mais escuras. Algumas cervejas com alto teor alcoólico podem, inclusive, serem servidas à temperatura ambiente.

b) Nao beba direto na garrafa. Como todos sabem, cerveja tem gás carbônico resultante do processo de fermentação  o que permite a formação das bolhas. Se você não transferir o liquido para um copo, o gás  continua acumulado na garrafa e vai todo para a sua barriga. Isto te dará a sensação de estomago inchado. Alem disso, a cerveja derramada dentro do copo formara a espuma e liberara o aroma, essenciais para uma degustação completa.

c) Apesar de não ser essencial, use o copo especifico de cada tipo de cerveja vai otimizar a experiencia. Este assunto merece um post especial, então não vamos entrar mais a fundo nisso agora.
d) Existem varias formas corretas de encher o copo, mas um jeito bem simples e fácil é inclinar o copo 45 graus, deitando o liquido mais rapidamente (para liberar o CO2) e ir diminuindo a velocidade na medida em que a espuma começa a se formar. Algumas cervejas exigem uma técnica especifica, como as cervejas de trigo e garrafas de rolha, que devem ser derramadas lentamente, já que criam espuma muito rápido  Cervejas artesanais acumulam sedimentos de levedura no fundo da garrafa e, caso você não goste do sabor, deixe um restinho de cerveja na garrafa para que o sedimento não desça  Em cervejas do tipo pale lager, como as comuns pilsens, deite a cerveja vagarosamente, fazendo-a escorrer pelo interior do copo, já que estas cervejas, por terem menos proteínas  tendem a formarem grande quantidade de espuma, que se dissipa rapidamente.


Agora, uma vez com a cerveja no copo, siga estes passos:
1- Inale o aroma. Como este é a primeira nuance a se dissipar, sinta o aroma primeiro. O sabor da cerveja é parcialmente baseado no aroma: um quarto da sensação de sabor deriva da sensação percebida pelo olfato. Alem do “timbre” do aroma, preste atenção na intensidade de cada nuance deste aroma.
Normalmente, o aroma mais proeminente numa cerveja é o do malte. É o mais obvio e pode ir do doce e perfumado ao rico e caramelado. As cervejas escuras possuem um aroma de grão torrado ou tostado, que podem lembrar café ou até chocolate.
O segundo aroma normalmente é o aroma do lúpulo  Este depende da variedade, quantidade e momento em que o lúpulo foi adicionado ao mosto, ou se lúpulos aromáticos foram adicionados. Aromas de lúpulo podem ser descritos como ervas, gramíneo, perfumado, cítrico, apimentado, etc.
Outros aromas, como de esteres frutados e álcool, formados pela fermentação  são as chamadas 'características da fermentação'. Variam de acordo com as cepas de levedura e a temperatura durante a fermentação  Alguns aromas como cheiro de plastico, ovo podre, cachorro molhado e vegetal cozido são sinais de cerveja mal feita ou mal armazenada.

2- Cheque a cor. A cor da cerveja é ditada pelo estilo e varia do palha pálido ao preto, passando pelo laranja, cobre, âmbar  dourado, castanho, marrom, etc. As mais claras são as cervejas de trigo e as mais escuras são as stouts.
Não se preocupe se a sua cerveja não for clara. Alias, clareza em cerveja é coisa conseguida por modernos métodos de filtragem. Como a cerveja é feita com ingredientes orgânicos  o seu corpo tende a ser denso e nublado, e não claro. Em algumas cervejas você conseguira observar pequenas partículas de levedura, quase como se fosse possível mastiga-las. Nao se preocupe, este é um charme todo especial dessas cervejas, principalmente as de trigo.
retenção de espuma também diz bastante sobre a cerveja. Quando a cerveja é colocado no copo, deve-se tanto formar quanto manter um colarinho. Uma espuma mais densa indica maior quantidade de proteínas na cerveja. As bolhas devem ser pequenas e devem subir rapidamente ao topo. Se uma cerveja não formar colarinho, ou esta mal carbonatada ou o copo esta sujo. Se as bolhas não sobem, provavelmente o copo esta empoeirado. Se a espuma tiver uma aparência de espumas de sabão  é porque foi usado um estabilizador de espumas e a cerveja passou pelo processo de clareamento. Então  normalmente as melhores cervejas possuem bolhas pequenas e espuma densa.

3- Prove. Sinta o frescor da cerveja na sua boca e permita que o liquido se espalhe por todos os cantos da língua. O paladar é uma experiencia sensorial que parte do interior da boca e da garganta e é bastante subjetiva.
O sabor primário normalmente é a doçura do malte. Nas cervejas industriais, o sabor do malte é leve, uma vez que se adicionam cereais não-maltados, como o milho. Quanto menos adições  mais rico o sabor da cevada. Quanto mais especiais os grãos de cevada, mais complexo é o sabor, como no caso da adição de grãos tostados. Alguns grãos dão ao paladar um sabor tostado ou torrado, tipo café, nozes ou chocolate.
O objetivo do lúpulo é compensar a doçura do malte. Sem o lúpulo  a cerveja seria um melaço alcoólico impossível de ser bebido. O sabor do lúpulo é o sabor do meio. Aqui você ira sentir de ervas, sabores cítricos  picantes, etc., que podem ir do mais leve ao mais agressivo.
Como o seu paladar, especificamente, sente a cerveja? Maltada, lupulada, equilibrada, robusta, frutada, tostada, complexa são algumas das características que podem descrever os sabores dos ingredientes primários. Mas não se prenda nos termos chavões. Faca comparações  use metáforas  Qual o sabor predominante? Quais os sabores secundários  A cerveja termina seca como um vinho? Ou deixa um final amargo na boca?
Agora, tente determinar a consistência e textura da cerveja. Como você descreveria o corpo da cerveja? Leve? Encorpado? Meio-termo? Cremoso? Gasoso? Mastigável?
Depois de provar a cerveja e discernir os seus vários sabores, aromas e texturas, reflita sobre o que levou o cervejeiro a escolher cada um destes sabores. As varias partes do trabalho foi suficiente para criar uma bebida agradável? É uma bebida fácil ou difícil de ser bebida? Depois de terminados estes passos da degustação, você nunca mais se aproximara de uma cerveja da mesma forma como fazia antes.

domingo, 18 de novembro de 2012

Por uma Filosofia da Cerveja

Pense num Big Mac ou num Burger King Whooper. Ali você tem um hambúrguer cuja carne “real” é misturada com o chamado “pink slime” (literalmente, lodo rosa), um processado a base de rejeitos de carne antigamente usado para fabricação de ração animal, cuja cor é pintada com um spray vermelho que da a aparência de carne "real". Alem do hambúrguer  você tem ali um queijo. Na verdade, uma imitação de queijo. É o chamado “queijo americano”, uma fatia de muitos conservantes, corantes e gordura trans que tem um sabor parecido com o queijo, mas uma textura bem artificial, uma especie de plastico comestível. Tudo recheando duas fatias de pão de qualidade duvidosa, fabricado em serie e com características diferentes de um pão caseiro, como uma maciez fora do comum e a ausência daquela casca mais grossa. Seria isso comida de verdade?

Durante um curso para gerentes de restaurante nos Estados Unidos, participei de uma experiencia interessante. O instrutor pediu que, com os olhos vendados, nos provássemos diferentes tipos de alimentos, pensássemos sobre os sabores e descrevêssemos os sabores. Um dos alimentos era um hambúrguer, destes de McDonalds mesmo. Assim que colocamos o pedaço de hamburger na boca, podíamos ouvir as pessoas na sala disfarçadamente rejeitando o alimento que foi dado, cuspindo nos guardanapos. Claro que esse tipo de sanduíche é o que tem de pior nos restaurantes americanos, o tipo barato, porem ruim. Mas a questão central aqui é que se você pensa com atenção no sabor de tudo que come, com certeza muita coisa seria rejeitada, porque, de fato, não é bom. E, apesar das diferenças de opiniões e paladares, todos temos uma noção do que é bom ou ruim se refletirmos bem nos sabores e aromas dos alimentos que digerimos.

Sei que este é um tema polemico e, para botar mais lenha na fogueira, gostaria de citar dois livros. Um, que li há muito atras, é o Viagem na Irrealidade Cotidiana, onde o autor, Umberto Eco, faz uma critica ao modelo de fantasia do nosso tempo, em que o “todo verdadeiro” se identifica com o “todo falso”, como nos exemplos que ele cita das replicas de mundos na Disney, como os museus de cera aonde os bonecos tem uma aparência tão próxima ao real que as pessoas se perdem no meio deles. Uma replica da Casa Branca, por exemplo, utilizando as mesmas cores e formatos, faz com que a informação histórica assuma um aspecto de reencarnação. Nas palavras de Eco, “a irrealidade absoluta se oferece como presença real (…) a ambição é fornecer um 'signo' que se faça esquecer enquanto tal”.

Ainda falando sobre o consumo das irrealidades (imitações) pelo homem da atualidade, Eco nos alerta sobre a massificação e banalização da opinião. A nossa geração é acostumada a receber toda a informação e a opinião devidamente prontas e tem muita dificuldade em produzi-las por si próprio. Esta é, alias, uma via de mão dupla, na medida em que a grande abrangência dos próprios meios de comunicação, como a TV aberta, por exemplo, faz com que estas disponibilize a informação de forma mais generalizada possível, perdendo a capacidade de focar e aprofundar os temas, já que precisam se comunicar com uma variedade muito grande de níveis sociais e graus de instrução. Um efeito de um conhecimento massificado é a impressão de veracidade que dá ao homem comum, tao acostumado a ouvir e repetir essa ideia que a tem por saber demonstrado e seguro.

Outro livro que joga luz no tema é o “Cerveja e Filosofia”, uma coletânea de artigos em que um deles, escrito por Garret Oliver, da Brooklyn Brewery, chamado “Matrix etílica: realidade versus fac-símile na produção de cerveja”, o autor polemiza ao falar sobre produtos que são comercializados como se fossem cervejas, mas não o são. Garret afirma que mesmo um produto que vem de uma tradição muito antiga como a cerveja é sujeito a fraude. Assim como o queijo americano e o pão macio do McDonald's, algo que esta sendo comercializado como cerveja pode ser apenas um fac-símile, uma copia da real cerveja.

Ainda este mês eu conversava com um diretor de uma pequena cervejaria e ele me contava como uma situação ameaçou o negocio quando um profissional contratado, com experiencia previa numa grande corporação do ramo cervejeiro, prometeu baixar os custos misturando uma grande quantidade de cereais não-maltados no mosto, alem de outras “economias”. Como é de se esperar, a qualidade da cerveja caiu muito e a empresa amargou um prejuízo muito grande advindo da perda de clientes. Ora, entre duas cervejas ralas e sem corpo, qualquer pessoa, por menos consciente em termos de qualidade que for, preferira ficar com as marcas já consolidadas no mercado, como uma Skol, por exemplo. Uma diferença de centavos no preço não afetaria essa escolha.

Por exemplo, imaginemos um bebida feita de cereais não maltados enzimaticamente convertidos, como milho ou arroz, condimentada com extrato de lúpulo, filtrada com carvão vegetal para melhorar o sabor e engarrafada com menos de uma semana de fermentação. Poderia ser considerada cerveja? Oliver acredita que não pode. São apenas uma copia do que, no decorrer da Historia, vem sido chamada de cerveja, assim como a copia do seu RG não é o seu documento de identidade verdadeiro.

Daí Oliver dizer que muitas pessoas vivem na Matrix da falsa cerveja, onde chegam inclusive a “esquecer” o sabor de uma cerveja de verdade na medida em que se acostumam com o fac-símile e a sua mente “apaga” o sabor da cerveja “real”.

A copia alterada para uma produção em serie e barata faz com que a cerveja perca a essência. Aqui podemos retornar aos questionamentos de Umberto Eco sobre a banalização dos sentidos quando alguém reproduz a Mona Lisa para expor a copia num museu americano. Não é a coisa real, mais o seu decalque, mesmo que a exposição ao objeto “falso” possa de fato confundir os sentidos menos experientes. 

A surpresa e perplexidade que acompanham uma cerveja artesanal é um tributo aos 10 mil anos deste líquido sagrado e existe também uma expectativa em relação a toda esta bagagem histórica

Se você é um cervejeiro artesanal, com certeza sabe a sensação de descobrir as mudanças que vão ocorrendo no mesmo lote de cerveja com o passar do tempo. As diversas reações  químicas em diferentes momentos da duração daquele lote da a cada garrafa aberta uma surpresa diferente. Nada dos sabores padronizados. Mesmo experimentando a mesma marca, mesmo estilo, mesma receita, os sabores e aromas variam, porque nem tudo no processo esta sob controle do mestre cervejeiro, a levedura tem vida e vontades próprias. Aí mora toda a beleza desta arte. Cada garrafa é única, como única é cada experiencia de degustação. Cada garrafa é a MINHA (e só minha) cerveja.

A Canção Etílica dos Filósofos, por Monty Python

Esta musica foi uma sátira criada e cantada pelos comediantes do Monty Python, em que contam supostos vícios etílicos de filósofos famosos. No vídeo abaixo, os três atores representam professores australianos, todos chamados Bruce, do Departamento de Filosofia da imaginaria Universidade Woolloommoolloo. Uma das piadas contadas antes da musica tem a famosa "beber cerveja americana é como fazer sexo numa canoa: você esta muito perto da água!".



Immanuel Kant was a real pissant
who was very rarely stable.
Heidegger, Heidegger was a boozy beggar
who could think you under the table.
David Hume could out consume
Wilhelm Friedrich Hegel,
And Wittgenstein was a beery swine
who was just as sloshed as Schlegel.

There's nothing Nietzsche couldn't teach ya
'bout the raisin' of the wrist.
Socrates himself was permanently pissed.

John Stuart Mill, of his own free will,
after half a pint of shandy was particularly ill.
Plato, they say, could stick it away,
'alf a crate of whiskey every day!
Aristotle, Aristotle was a bugger for the bottle,
and Hobbes was fond of his Dram.
And Rene Descartes was a drunken fart:
"I drink, therefore I am."

Yes, Socrates himself is particularly missed;
A lovely little thinker, but a bugger when he's pissed.




Tradução livre:

Immanuel Kant foi um bêbado desprezível
que raramente estava sóbrio.
Heidegger, Heidegger era um mendigo embriagado,
A “pensar” sempre embaixo de uma mesa.
David Hume poderia consumir mais que
Wilhelm Friedrich Hegel,
E Wittgenstein era um porco bebum
Que vivia tão chapado quanto Schlegel.

Não havia nada que Nietzsche não poderia te ensinar
Sobre o levantamento de copo (um trocadilho de masturbação).
O próprio Sócrates estava permanentemente de porre.

John Stuart Mill, usando o seu livre arbítrio,
Depois de uma caneca de shandy já ficava mal.
Platão, como dizem, poderia se manter
com a metade de uma caixa de uísque todos os dias!
Aristóteles, Aristóteles fazia sodomia por uma garrafa,
E Hobbes era apaixonado pelo gole.
René Descartes era um pinguço peidorreiro,
"Bebo, logo existo".

Sim, o próprio Sócrates vivia particularmente perdido;
Um pensador adorável, mas um pederasta quando bebum.

sábado, 17 de novembro de 2012

A Resistência tem Aroma e Sabor



Numa terra de abstêmios ferrenhos, o dono de uma cervejaria pode ser considerado um herói  Este é o caso de Nadim Khoury, o cervejeiro proprietário da microcervejaria Taybeh, a única cervejaria em território palestino. Esta localizada na cidade de mesmo nome, na região da Cisjordania, a 35 quilômetros ao norte de Jerusalém e possui maioria cristã ortodoxa.
Khoury aprendeu a arte cervejeira quando morava em Boston, EUA, com seus colegas de quarto. Na década de 90, quando da assinatura dos Acordos de Oslo, o clima de otimismo o levou de volta a sua terra natal com o objetivo de montar a primeira cervejaria. Claro que nenhum banco da região comprou a ideia, então a família precisou investir recursos próprios. E foi isso, no final, que salvou a cervejaria, já que quando o negocio passou por uma grande crise em 2000, no auge da Intifada, a grande maioria dos outros negócios da região declararam falência em função de dividas com os bancos.
A cervejaria produz quatro tipos de cervejas: Golden, Lager, Amber e Dark. A cerveja Taybeh foi o primeiro produto palestino a ter uma franquia na Alemanha, onde se produzem a Taybeh para o consumo europeu. Também é exportada para o Japão  onde tem uma aceitação muito grande.
Em 2007 a cervejaria começou a produzir a Taybeh Hallal, uma cerveja sem álcool  para conquistar o publico islâmico e, claro, garantir a própria sobrevivência no caso de uma mudança no cenário politico da cidade. No entanto, a falta de liberdade econômica nos países árabes dificulta a exportação da cerveja sem álcool.
A ocupação cria outros problemas, como na distribuição  Apesar de estar a apenas 35 quilômetros de Jerusalém  os caminhões que distribuem a bebida para Israel devem passar num ponto da fronteira que fica a duas horas de Taybeh, onde a carga é revistada e transferida para caminhões israelenses. Como a cerveja não leva conservantes, o fato de ficar exposta tanto tempo ao sol pode ser problemático  Alem disso, apesar de Khoury ter um passaporte americano, por ser palestino ele precisa de uma permissão para entrar em Jerusalém  só podendo entrar a pé e não podendo pernoitar.
Alem de vencer a barreira de conseguir vencer num ambiente hostil, a cervejaria também inova porque ali trabalha como mestre-cervejeira a primeira mulher palestina a exercer a função  Madees Khoury, filha de Nadim e futura herdeira do negocio da família  Khoury considera a cervejaria um simbolo de resistência pacifica a ocupação  que mostra ao mundo que o homem comum palestino quer ter uma vida normal, quer se divertir e curtir uma bebida saudável e saborosa.


Cerveja e Personalidade: O que a sua cerveja favorita diz sobre você?

Qual o seu tipo de cerveja preferido? Você, como eu, gosta de explorar as nuances das cervejas gourmet ou prefere os tipos básicos tipo pilsen? Gosta de explorar cervejas de diferentes países ou se mantem fiel as marcas nacionais? Gasta metade do salario na seção de cervejas especiais do supermercado ou prefere economizar com os tipos mais baratos?

O seu tipo de cerveja pode dizer muito sobre você. Existem vários estudos sobre o tema, principalmente nos Estados Unidos e Canada, que normalmente se baseiam nas predisposiçoes regionais de escolhas e preferencias que se relacionam com cada tipo de personalidade. Por isso, baseado em alguns estudos como os feitos pela Mindset Media e pelo Grupo Ros Taylor e mudando o que deve ser mudado em relação os tipos nacionais, segue abaixo algumas categorias que acredito podem ser aplicadas ao nossos bebedores de cerveja. Claro que, como qualquer teste de personalidade, sempre há exceções. 

Cervejas gourmet: 
Você muito provavelmente tem dinheiro para bancar o seu estilo e pagar mais de vinte reais por cada garrafa. Intelectualmente curioso e mente aberta, se interessa por filosofia e se identifica com o conservadorismo político. Extrovertido, sarcástico e sempre aberto a novas experiencias, você se considera uma pessoa sofisticada. Segundo o Instituto Mindset, você gosta de seriados do tipo The Office.

Cervejas nacionais básicas (Skol, Brahma, etc):
Você é sensível, pé no chão e pratico. Provavelmente se identifica com os princípios políticos de centro ou não dá a minima para politica. Resiste a autoridade, mas com cautela. Gosta de festas, baladas e eh uma pessoa divertida de se ter na rodinha de amigos. Gosta de sertanejo. Não tende a ser sonhador e não se empolga facilmente. Emocionalmente estáveis ​​que vivem no aqui e agora. 

Cervejas nacionais light:
Aqui no Brasil é quase o mesmo tipo que pede uma cerveja de trigo. Fácil de conviver, você gosta de sair e se preocupa com a saúde  Se você prefere pedir uma Brahma Light,  meu amigo, provavelmente está de dieta e tem tendências perfeccionistas. Tem facilidade de aceitar as pessoas. Gosta de sociologia e muda o sobrenome no Facebook pela causa social do momento. É politicamente correto e, portanto, tende a ser de esquerda.

Cervejas Importadas:
Enérgico, ocupado e gosta de manter as aparências, é um daqueles propensos a pagar a conta toda. Pode também ser aquele tipo que vai tentar convencer a mesa de que Heineken eh uma boa cerveja. Pouca modéstia e muita auto-estima, gosta de ser o centro das atenções  Segundo o Instituto Mindset, pessoas que preferem as cervejas importadas tendem mesmo a serem atraídas por produtos luxuosos, importados e são as que sempre compram o ultimo modelo de celular e dirigem um carro esporte. 

Cervejas artesanais (caseiras):
Tipo peculiar e ainda raro neste pais. Passa mais tempo pensando em cerveja do que no seu trabalho. Você foi alem daquela fase de discutir sobre cervejas e decidiu fazer a sua própria  Leva a curiosidade as ultimas consequências e pode ser considerado um desbravador, uma vez que cerveja caseira ainda não é uma tendencia nacional. Politicamente, você tende a ser libertário e se interessa por economia e gastronomia. 

Abstêmios:
Você é louco ou reprimido por alguma religião  De qualquer maneira, este blog não é uma boa influência para você.

domingo, 11 de novembro de 2012

A Cerveja da Casa Branca

Enquanto o mundo se preocupava com os vazamentos de informações da Casa Branca sobre a morte de Bin Laden, um outro mistério tirou o sono de um grupo diferente de pessoas, um grupo que tem preocupações maiores do que o futuro da humanidade ou evitar uma próxima guerra mundial. Estas pessoas eram os cervejeiros caseiros, e as coisas importantes que eles tem na agenda são os lotes de cerveja fermentando no fundo de casa.

Em agosto passado este grupo de teóricos da conspiração cervejeira receberam a notícia que o chefe supremo da nação americana era, ele próprio, um cervejeiro, e tinha montado num quarto da Casa Branca uma pequena cervejaria caseira. Tudo começou quando o presidente Obama presenteou, durante a campanha presidencial, um dono de um café no Iowa com uma garrafa da White House Honey Ale. Tipo de coisa que o abstêmio mórmon Mitt Romney jamais poderia sonhar em fazer. Thomas Jefferson e George Washington, sabemos, eram cervejeiros, mas não existe nenhum registro de que eles tenham produzido cerveja na Casa Branca.

Desnecessário dizer que o mercado da cerveja caseira nos Estados Unidos subiu às alturas. Mas este não foi o maior reboliço. Imediatamente uma legião de cervejeiros invadiram as mídias sociais para reclamar a liberação das receitas usadas pelo presidente. Uma das tentativas frustradas foi um requerimento federal baseado no Freedom of Information Act (FOIA), uma garantia constitucional que obriga o governo a liberar informações controladas por agências governamentais. Não funcionou porque a Casa Branca não é sujeita ao FOIA. Então, a turma entrou com uma petição no site We The People, uma plataforma online de recebimento de abaixo-assinados do governo americano.

Finalmente, em 1º de setembro, o sommelier que ajudava Obama a produzir a sua cerva, o aclamado Ray Daniels, divulgou as tão esperadas receitas. Basicamente, são três as cervejas produzidas na Casa Branca, Honey Porter, Honey Ale e Honey Blonde, todas tendo como ingrediente principal o mel que a primeira-dama produz no quintal da Casa Branca. A receita da Honey Blonde, no entanto, não foi liberada. A data da liberação das receitas somada ao tempo de fermentação quase coincidiu com o dia da eleição, assim os eleitores do Obama poderiam comemorar a vitória com uma das cervejas presidenciais. Inclusive, o grupo com o qual eu me reunia na Philadelphia para trocar informações sobre cervejas artesanais produziu uma Honey Ale que tomaram no dia da eleição. 

É, meus amigos, por mais que não seja fácil reconhecer, é muito difícil resistir ao charme de um presidente cervejeiro.

Como vocês podem ver no vídeo oficial abaixo, o processo é bem artesanal mesmo, nada de produção industrial ou coisa grande. São os 5 galões por lote, usando extrato de malte, temperos e mel. O presidente adquiriu um destes kits caseiros que qualquer pessoa nos Estados Unidos ganha no Dia dos Pais quando o filho quer fugir dos clichês de dar gravatas e sapatos. Coisa que todo cervejeiro caseiro conhece bem e já está acostumado. 


Segue abaixo as receitas, caso queiram testar:

White House Honey Porter
Ingredientes
2 latas (3,3 lbs) de extrato de malte sem lúpulo
3/4lb de malte Munich
1lb de malte cristal 20
6 onças de malte escuro
3 onças de malte achocolatado
1lb de mel da Casa Branca
Lúpulo de amargor 10 HBU
1/2oz de lúpulo aromático Hallertaur
1 pacote de levedura seca Nottingham
¾ de copo de açúcar de milho para engarrafamento

White House Honey Ale
Ingredientes:
2 latas (3,3 lbs) de extrato de malte
1 lb de extrato de malte seco
12 onças de malte cristal âmbar esmagado
8 onças de malte Bisquit
1 lb de mel da Casa Branca
1 1/2oz de lúpulo granulado Kent Goldings
 1 1/2oz de lúpulo granulado Fuggles
1 pacote de levedura de ale seca Windsor
 ¾ de copo de açucar de milho para o engarrafamento (priming)