Numa terra de abstêmios ferrenhos, o
dono de uma cervejaria pode ser considerado um herói Este é o caso
de Nadim Khoury, o cervejeiro proprietário da microcervejaria Taybeh,
a única cervejaria em território palestino. Esta localizada na
cidade de mesmo nome, na região da Cisjordania, a 35 quilômetros ao
norte de Jerusalém e possui maioria cristã ortodoxa.
Khoury aprendeu a arte cervejeira
quando morava em Boston, EUA, com seus colegas de quarto. Na década de 90, quando da assinatura dos Acordos de Oslo, o clima de otimismo
o levou de volta a sua terra natal com o objetivo de montar a
primeira cervejaria. Claro que nenhum banco da região comprou a
ideia, então a família precisou investir recursos próprios. E foi
isso, no final, que salvou a cervejaria, já que quando o negocio
passou por uma grande crise em 2000, no auge da Intifada, a grande
maioria dos outros negócios da região declararam falência em função de dividas com os bancos.
A cervejaria produz quatro tipos de
cervejas: Golden, Lager, Amber e Dark. A cerveja Taybeh foi o
primeiro produto palestino a ter uma franquia na Alemanha, onde se
produzem a Taybeh para o consumo europeu. Também é exportada para o Japão onde tem uma aceitação muito grande.
Em 2007 a cervejaria começou a produzir
a Taybeh Hallal, uma cerveja sem álcool para conquistar o publico islâmico e, claro, garantir a própria sobrevivência no caso de uma mudança no cenário politico da cidade. No entanto, a falta de
liberdade econômica nos países árabes dificulta a exportação da
cerveja sem álcool.
A ocupação cria outros problemas, como
na distribuição Apesar de estar a apenas 35 quilômetros de Jerusalém os caminhões que distribuem a bebida para Israel devem
passar num ponto da fronteira que fica a duas horas de Taybeh, onde a
carga é revistada e transferida para caminhões israelenses. Como a
cerveja não leva conservantes, o fato de ficar exposta tanto tempo
ao sol pode ser problemático Alem disso, apesar de Khoury ter um
passaporte americano, por ser palestino ele precisa de uma permissão para entrar em Jerusalém só podendo entrar a pé e não podendo
pernoitar.
Alem de vencer a barreira de conseguir
vencer num ambiente hostil, a cervejaria também inova porque ali
trabalha como mestre-cervejeira a primeira mulher palestina a exercer
a função Madees Khoury, filha de Nadim e futura herdeira do negocio
da família Khoury considera a cervejaria um simbolo de resistência pacifica a ocupação que mostra ao mundo que o homem comum palestino
quer ter uma vida normal, quer se divertir e curtir uma bebida saudável e saborosa.